Neste blog pretendo divulgar e discutir assuntos de meu ineteresse: escalada em rocha e em gelo, montanhismo, ecologia, livros ... além de assuntos com os quais trabalho profisisonalmente: método dos elementos finitos, méto dos elementos discretos, análise numérica e lógica fuzzy. Aqui você também pode encontrar textos e material de minhas aulas, alguma coisa sobre o melhor carro do mundo (Toyota Bandeirante) e citações. Ah!, e sobre música e o instrumento que toco (ou tento tocar): viola caipira.

Ou seja, tudo que eu gosto e faço Na ponta dos dedos.

Por que Projeto Peregrinus: em 2001 eu e mais cinco amigos escrevemos um projeto de patrocínio com esse nome, cujo objetivo era subir as mais altas montanhas de cada país sulamericano. O projeto não saiu do papel, mas a escolha do nome, bastante apropriada, foi feita por mim, após abrir aleatoriamente um dicionário Latim-Português. Essa foi a primeira palavra que li: peregrinus: aquele que viaja para outro país. A coincidência foi tão grande que me marcou muito. Como também pretendo falar de minhas viagens resolvi manter esse nome.

Escaladas em Valença, RJ

Comecei a escalar em 1995, logo após sair de um relacionamento, bastante conturbado mas intenso, de 3 anos e meio. Convidado por meu amigo Carlos Wagner, resolvi acompanhá-lo à Reserva Florestal do Grajaú. Foi quando descobri que quando eu escalava (ou melhor, tentava escalar) eu não pensava na ex. Então mergulhei de cabeça nesse novo "namoro".


Hoje agradeço a esta ex por ter terminado :)


Já em 1996 soube que havia uma via de escalada em Valença, uma conquista de 1978 do André Ilha com Antônio Carlos Magalhães, chamada Paredão Valença e localizada no Morro de Santo Antônio, na Serra da Concórdia. Cheguei a conversar com o André, mas ele disse não se lembrar mais da via, nem de como chegar até a base. Então pensei que, se queria escalar em Valença, teria que abrir minhas próprias vias. Foi então que passei alguns fins de semana percorrendo estradas de terra e localizando as paredes.


Em 97 alguns amigos do Clube Excursionista Light me indicaram uma conversa com o Eduardo RC, na época do CERJ mas tambem frequentador do Light, que também tinha interesse em abrir vias.


Ele me disse qual o material necessário e, já na semana seguinte, lá estava eu no Clube com quase todo o equipo de conquista. Disse ao Edu que em Valença, minha terra natal, tinha umas montanhas...


Foi então que o Edu passou a ir para Valença praticamente todo final de semana e, claro, abrimos nossa primeira via, chamada Írma Luccia em homenagem a minha avó. Nossa parceria e nossa amizade cresceram a ponto de, numa escalada na Lagoa, convidá-lo a ser padrinho de meu primeiro filho, Francisco.


Eu e Edu abrimos, em 1998, a via Passadas para a Eternidade, considerada por mim um grande presente que ele me deu, pois apesar de minha experiência na época com equipamento móvel ser nula, ele deixou a melhor parte da via, uma fenda linda, para que eu conquistasse.


No final dessa fenda tive minha pior queda, resultando numa torção do pé direito. Mas por causa dela a conquista ficou parada por meses e, claro, meu emocional tirou férias ainda mais longas. Meses depois demos continuidade à conquista: chegamos a uma pequena saliência abaixo do teto, que chamávamos de altar, e em seguida o Edu contornou o teto terminando a via.


Este foi um dia muito especial, não só pela conquista, mas pelo que aconteceu depois. Lembro-me que enquanto descíamos e recolhíamos o material comentávamos que na nossa atividade não tínhamos público, ninguém nos aplaudia, nem havia garotas gritando por nós como em outros esportes. Para nossa surpresa, quando chegamos no meu carro vimos um fusca velho com duas pessoas encostadas nele. Elas se apresentaram, uma delas era um rapaz de uns 20 e poucos anos, sobrinho do outro, que morava na Inglaterra e estava passando por ali voltando do sítio do tio. Ele disse que fazia escalada indoor na Inglaterra e que havia nos visto terminando a conquista, fazendo questão de nos esperar, por cerca de 2 horas, só para apertar nossas mãos e nos dar parabéns.


Eu e Edu ficamos boquiabertos. Agradecemos e quando eles foram embora apenas nos olhamos e dissemos: "pô, que que é isso?!"


Coincidência? Dizem que não existe.


Depois dessa vieram outras conquistas: com o Rafael, que fez um curso de aperfeiçoamento comigo e com o Edu (na época fundamos e tocávamos a Escola de Escalada Visão Vertical, aqui no Rio), com o Silvinho, também valenciano e meu primo que, louco como é, abriu algumas das difíceis vias da Toca da Onça em solitário.


Enfim, ao longo desses anos venho tentando fazer de Valença mais uma opção para os escaladores do Rio e da região. Às vezes me animo mais, às vezes passo anos sem bater um grampo. Até que agora em 2011 resolvi divulgar o pouco que já fizemos, dando a oportunidade para outros conquistadores atuarem em Valença.


Para terminar, um pouco de ética: procuramos seguir e respeitar o Código Brasileiro de Ética de Escalada (veja no site da Femerj, http://www.femerj.org/documentos/codigo_etica.pdf), mas historicamente as conquistas em Valença tem certas características. A primeira, é a utilização de grampos de 3/8 pol. Normalmente eles são usados como segundo grampo na parada dupla ou intercalados com grampos de 1/2 pol em trechos fáceis e/ou pouco expostos. Além disso, algumas vias tem grampeação longa. Um resumo de noss código de ética regional: Sobre a ética de escalada em Valença: porteira fechada? Mantenha fechada. Porteira aberta? Mantenha aberta. Não faça barulho desnecessariamente. Peça permissão. Alguns grampos estão distantes, estude a via antes. Muitas vias tem a grampeação 2/1, ou seja, dois grampos de 1/2 pol seguidos por um de 3/8 pol  (ou vice-versa). Algumas paradas são formadas por um grampo de 3/8 pol e outro de 1/2 pol. Não retire nem coloque grampos sem a permissão dos conquistadores; respeite o estilo de conquista dos escaladores da região.


Quanto a graduação, até a data de hoje, junho de 2011, poucas vias foram repetidas por escaladores não valencianos, então a graduação e o grau de exposição ainda estão para serem confirmados ou mesmo definidos. Além disso, tenho muita dificuldade em graduar as vias que abro, então costumo usar uma graduação simplificada :)  : terceirinho (equivalente ao 3o e 4o padrão), terceirinho fácil (tudo que é mais fácil que terceiro) e terceirinho difícil (todo o resto).


Os croquis de algumas das vias podem ser vistos na seção Croquis de escalada deste blog.


Se você já escalou em Valença, por favor, me envie uma mensagem contando como foi e o que achou das vias. Abriu uma via? Que tal me enviar o croqui para divulga-la aqui no blog?

Como chegar nas vias:


Pedra da Passagem ou Paredão das Meninas

Vias: Írma Luccia e Paredão Vavá.
Coordenadas: 22o13'19.98" S 43o44'08.71" O
Altitude: 549m
A partir do Bairro de Fátima pegue a estrada de terra em direção ao Bairro da Passagem. Avistando a parede informe-se sobre o sítio localizado na base da mesma. A base das vias está marcada em vermelho na foto da parede.


Pedra da Passagem ou Paredão das Meninas(foto de Flávio Canedo)



Serra da Glória


Pegue a rua à direita do Hospital da Unimed. Siga sempre em frente até chegar numa pista de asfalto e, em seguida, de terra. 




Padra onde esta a via Passadas para a Eternidade, com o traçado aproximado da via (foto de Flávio Canedo).




Pedra Santa, com a via Valeu São Judas Tadeu marcada à esquerda e, à direita, uma marcação da região onde ficam as bases das outras vias (foto de Rafael Barmak).








Toca da Onça


Pegue a rua à direita do Hospital Escola. A pedra é bem visível e não tem como errar.

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