Neste blog pretendo divulgar e discutir assuntos de meu ineteresse: escalada em rocha e em gelo, montanhismo, ecologia, livros ... além de assuntos com os quais trabalho profisisonalmente: método dos elementos finitos, méto dos elementos discretos, análise numérica e lógica fuzzy. Aqui você também pode encontrar textos e material de minhas aulas, alguma coisa sobre o melhor carro do mundo (Toyota Bandeirante) e citações. Ah!, e sobre música e o instrumento que toco (ou tento tocar): viola caipira.

Ou seja, tudo que eu gosto e faço Na ponta dos dedos.

Por que Projeto Peregrinus: em 2001 eu e mais cinco amigos escrevemos um projeto de patrocínio com esse nome, cujo objetivo era subir as mais altas montanhas de cada país sulamericano. O projeto não saiu do papel, mas a escolha do nome, bastante apropriada, foi feita por mim, após abrir aleatoriamente um dicionário Latim-Português. Essa foi a primeira palavra que li: peregrinus: aquele que viaja para outro país. A coincidência foi tão grande que me marcou muito. Como também pretendo falar de minhas viagens resolvi manter esse nome.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Sugestão de caminhadas e escaladas para treinamento

Aqui vão algumas sugestões de caminhadas pesadas e escaladas par treinamento físico-psicológico para uma expedição em alta montanha feita no mês de julho. Segui esse cronograma antes de minha primeria viagem à Bolívia.

É claro que, independentemente do treino, são excelentes sugestões de lugares para conhecer. Em breve escreverei sobre cada um deles.

Abril: Pico da Bandeira, Parque Nacional do Caparaó (ES)
Terceira montanha mais alta do país, com 2.890 m, localizada no Espírito Santo. Esta montanha oferece uma ótima oportunidade para realização de atividades em altitudes maiores, além de servir como teste físico.




Maio: Pico das Agulhas Negras, Parque Nacional de Itatiaia (RJ)
Quinta montanha mais alta do país, o Pico das Agulhas Negras e o maciço de Itatiaia, devido a sua grande altitude média, também permitem a realização de um ótimo treinamento físico. Esta etapa do treinamento será realizada próxima ao inverno, com exposição a baixas temperaturas, permitindo testar algumas roupas que serão usadas nas escaladas em montanhas bolivianas.




Maio: Travessia Petrópolis-Teresópolis (RJ)
A travessia será realizada em dois dias com carga media de 15 kg, tendo como objetivo o aprimoramento da capacidade física, muscular e aeróbica.




Junho: Pedra da Mina, Serra da Mantiqueira (MG)
Quarta montanha em altitude, a pesada caminhada até seu cume será realizada num ritmo forte, em dois dias, com o objetivo do aprimoramento da capacidade física. Condições de baixas temperaturas também serão enfrentadas, além da escassez de água, que testará a organização e logística da equipe para situações extremas, servindo também como um teste psicológico.

Foto de Cecílio

Julho: escalada do Dedo de Deus e Agulha do Diabo, Parque Nacional da Serra dos Órgãos (RJ)
As escalada nessas duas montanhas da Serra dos Órgãos, realizadas em um único fim de semana, servirão como último teste de resistência física e psicológica para a viagem.



Continue lendo >>

A Cordilheira dos Andes

A Cordilheira dos Andes, como todas as outras formações deste tipo, são vindas do fundo do mar. Melhor explicando, as cordilheiras (Andes, Cáucaso, Himalaia, etc.), compõem parte da geologia da terra, a qual envolve os chamados tipos de terrenos que, no caso, seriam os dobramentos modernos. A “dobra”, ou terreno de formação recente, está sujeita ao encontro das placas tectônicas devido aos movimentos tectônicos que, no caso de montanhas (cordilheiras), este seria o horizontal, conhecido como Orogênese.


Os movimentos horizontais, na alta montanha, podem representar perigo aos alpinistas; com esses movimentos, surgem as gretas (rachaduras que se abrem nos glaciares, com profundidades incalculáveis, que ficam “escondidas” por uma simples nevasca), além destas, outro perigo “não” relativo a essas movimentações, seriam as temidas avalanches, as quais ocorrem devido ao mau firmamento da neve recém estacionada, sobre uma área já cristalizada, que com um simples toque, torna-se uma “cachoeira” de neve e pedras rolando montanha abaixo.

O encontro das placas tectônicas (movimentos horizontais) é que origina também os famosos terremotos, por isso áreas como o Chile, Bolívia e outras, situadas próximas ou exatamente no encontro de duas placas distintas, estão sujeitas a esses fenômenos naturais. Outras regiões como o Brasil, possuem 99,9% de chance de não ocorrer tais fenômenos, pois se encontram no centro de uma placa, sendo assim são regiões presentes no mapa há muito mais tempo, já que é o movimento vertical (epirogênese), que origina os continentes. Essas movimentações verticais não ocorrem no encontro das placas.
Quanto ao clima nas altas montanhas, podemos falar das temperaturas; ao Sol, a temperatura média, à 5000 metros de altitude, gira em torno de 15° à 30° C, enquanto à esta mesma altitude só que à noite, gira em torno de –10° à –20° C. Em altitudes mais elevadas como 6700 metros (ponto culminante da Bolívia, na Cordilheira dos Andes), ao Sol, a temperatura média gira em torno de –10° à –15° C, enquanto à noite gira em torno de –20° à –30° C.
Relativo também à clima, podemos falar sobre as monções; o melhor período de escalada em alta montanha, principalmente na Cordilheira do Himalaia, é entre as monções de verão e de inverno. Este período se mantém entre os meses de junho a agosto. Durante as monções, principalmente as de inverno, o clima de regiões montanhosas muda, bruscamente, de aparência; ventos fortes, poeira de neve nos cumes, intensas nevascas impossibilitam de, praticamente, nenhuma ascensão ao cume.
Estes fatores, geológicos e geográfico – meteorológicos, são os grandes responsáveis pela maioria dos acidentes em altas montanhas. Para se efetuar uma expedição para escaladas deste tipo deve sempre ter uma prévia orientação sobre clima da região, melhor época para ascensão, entre outras, podendo, assim, reduzir possibilidades de acidentes.

Continue lendo >>

Os 7 cumes

Os sete cumes do mundo são as sete maiores montanhas, espalhadas nos sete continentes. O primeiro brasileiro a conseguir escalar os sete cumes foi o paranaense Waldemar Niclevicz. Uma das sete maiores montanhas do mundo (em cada continente) é o Everest (Nepal), na Ásia, com 8.848 metros de altitude, situado na cordilheira do Himalaia, presente em todos os sonhos de alpinistas do planeta inteiro. Porém, esta montanha representa algumas dificuldades na escalada mundial; devido sua altitude, o ar se torna rarefeito, ou seja, a 8.848 metros, no topo do mundo, o oxigênio equivale a 1/3 do presente ao nível do mar.

Na Europa a montanha mais clássica é o Mont Blanc, com aprox. 4900 metros. Porém ela não é a maior deste continente. O ponto culminante é o Elbrus, com 5.642 metros, localizado no sul da Rússia, na cordilheira do Cáucaso.

Na Oceania a maior montanha é o Cartenzans , com 4.884 metros.

Na América do Norte a maior montanha é o Monte Mc Kinley, com 6.194 metros.

Na África (Tanzânia), é o vulcão inativo Kilimanjaro, com 5.895 metros de altitude,. Dizem que um escocês já o escalou de saia, demonstrando ser esta a montanha mais fácil das sete.

Por último temos o Vinson, na Antártida, com 4.897 metros de altitude.

Continue lendo >>

Sopa cítrica de abóbora com gengibre

Esta receita inaugura mais uma nova seção do blog: Sabores. Afinal, também cozinho "Na ponta dos dedos" (no caso,nos dedos da mão :).

Esta sopa é muito boa e a receita é uma tentativa de imitação da sopa de um restaurante (que não existe mais) da Cobal do Humaitá.

Vale dizer que minhas receitas são todas intuitivas, então não dou as quantidades exatas, mesmo porque eu não as tenho, nem na cabeça nem anotada. Dessa forma, a cada vez que cozinho, mesmo uma receita conhecida, altero a receita, descobrindo novos sabores. Dessa forma me divirto muito mais.

Vamos lá, não tenha medo e faça o mesmo: teste, tente, experimente e divirta-se cozinhando, sem pressões nem medo de errar. Mas, se errar, saiba que são os erros que nos levarão aos acertos.


Cozinhe abóbora e gengibre picado com um pouco de sal.
Junte uma ou duas maçãs verdes, sem casca.
Corrija o sal.
Se estiver com pouco gosto de gengibre, rale um pouco e junte à sopa.
Se estiver com pouco sabor cítrico junte mais maça ou algumas gotas de limão até chegar no ponto.

Para servir passe um pouco de requeijão na parte interna de um recipiente individual para sopa. Coloque a sopa no recipiente individual e decore com uma folha de hortelã.



Continue lendo >>

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Porque viola caipira

Resumo

Algumas pessoas me perguntam porque eu toco (ou tento tocar, insisto) viola caipira. Afinal, não e um instrumento comum, principalmente aqui no Rio de Janeiro.



Pois bem. Adoro viajar. De preferência para o interior do país. Sei lá, praia não é muito minha praia. Nessas minhas andanças pelo interior, pra escalar, caminhar ou tomar banho de cachoeira e provar umas caninhas, fiz contato com um outro Brasil: o Brasil de dentro.

Pessoas simples, algumas bem tímidas e até pouco comunicativas, aquela "desconfiança mineira", mas que têm um quadro na parede onde está escrito "Deus está em todo lugar, mas é na Natureza que a gente conversa".

Fui então me identificando com o modo de viver dessa gente. Junto a isso posso citar minha natural curiosidade em ouvir novos sons, de preferência brasileiros. Passei então a gostar de música raiz, a verdadeira música sertaneja, e não essa música enlatada que ouvimos dessas duplas. Passei a ouvir os expoentes atuais da música raiz, aquela que fala de natureza e do povo simples do Brasil de dentro: Renato Teixeira, Almir Sater, Geraldo Azevedo...

Até que ganhei de meu amigo e compadre o CD Aguaraterra e, com ele, conheci a música e a voz de Xangai. Pra mim ele é o melhor entre os melhores. De excelente dicção e vocalização, tem uma voz inconfundível.

E no meio disso tudo eu ouvia um plimplimplim diferente. Um instrumento de corda que, em algumas músicas, me lembrava do cravo. Era a viola caipira.

Aí o elo se fechou. Para viver esse universo, mesmo em plena Zona Sul do Rio, tocar o instrumento símbolo do Brasil caipira era o melhor a ser feito.

Passei meses procurando um professor aqui. Por intermédio de um violeiro brasiliense chamado de Roberto Correa (um grande violeiro) consegui o telefone da Andreia, formada em violão pela Unirio sua ex-aluna. Comprei uma viola usada de um amigo e fui instantaneamente fisgado por seu som inconfundível, suas cordas casadas até hoje entram em minha alma, e mesmo aqui no Rio sou transportado para lugares mágicos, vales encantados, florestas, cachoeiras caudalosas, tropa de boiadeiros, pó , poeira e estrada.

Continue lendo >>

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Os 5 fatores que influenciam numa escalada em alta montanha

Resumo

Este é um texto de meu amigo, e ex-aluno de escalada, Frederico, para o Projeto Peregrinus original.

Fator Geológico – No que se refere a este tópico, podemos enunciar acontecimentos como “a geologia da terra”, a qual envolve os chamados tipos de terrenos que, no caso, seriam os dobramentos modernos. O terreno de formação recente (dobramento moderno), está sujeito ao encontro das placas tectônicas devido aos movimentos tectônicos, no caso, o horizontal, conhecido como Orogênese. Esses movimentos, na alta montanha, podem representar perigo aos alpinistas, que são o caso das gretas, rachaduras que se abrem nos glaciares com profundidades incalculáveis, sendo assim, um alpinista desavisado e inexperiente, devido à falta de atenção, acaba por cair nessas fendas, cerrando sua vida. Outro grande perigo são as constantes avalanches, as quais ocorrem devido ao mau firmamento da neve recém estacionada, que por um simples toque, se torna uma “cachoeira” de neve e pedras rolando montanha abaixo.



Fator Geográfico – No que se refere a este tópico, podemos enunciar acontecimentos como as variações climáticas. Para o interesse alpino, apenas as monções, tanto de verão, quanto de inverno, as quais impossibilitam, muitas vezes, a ascensão às montanhas, principalmente na cordilheira do Himalaia. Essas monções ocasionam diversas nevascas, aumentam o frio, enfim fazem com que a maioria dos alpinistas desistam de sua escalada.


Fator Técnico – No que se refere a este tópico, podemos enunciar acontecimentos como o preparo técnico. Um alpinista que queira se congratular com a chegada ao topo de uma alta montanha, deve estar preparado tecnicamente. Deve conhecer técnicas de escalada livre, artificial, indoor e inclusive, mesmo sem o contato, escalada em gelo, para isso, tem que se informar, praticar, trocar simples idéias, mas que no alto de mais de 6000 metros de altitude pode salvar sua vida.


Fator Físico – Para complementar, e simplesmente exercer o fator técnico, é imprescindível o intenso preparo físico durante o período antecessor e inclusive na fase de aclimatação à altitude, esta por sua vez, só se dá, se o organismo do alpinista for acondicionável a grandes altitudes, por que esse acondicionamento não vindo a ocorrer, infelizmente, talvez você nunca ultrapasse os 4000 metros da montanha, devido à redução de oxigênio, gradativa, à medida que se ultrapassa esta altitude. Mas caso seu organismo se adapte, é indispensável o excelente preparo físico para se alcançar os objetivos.


Fator Psicológico – Talvez este seja o mais importante dos cinco, pois além de os dois últimos fatores estarem incluídos neste, este ainda conta com outros casos, separados, única e exclusivamente relacionados com o fator psicológico. O que seria o psicológico na montanha? Para responder a esta pergunta me basearei em dois pontos principais, os quais seriam o “tempo” e a “calma”.


  • Tempo – O tempo, no sentido de horário, afeta a desenvoltura da maioria dos alpinistas que se lançam às altitudes. O fato de “enfiar” na cabeça que o êxito da expedição é certo, se torna muito otimista, pois foram demonstrados acima vários fatores que podem e na maioria das vezes atrasam uma expedição. Quando tudo começa a dar errado, os alpinistas, em sua maioria, largam tudo e sem consciência afirmam que tudo foi controlado, erroneamente, avançando montanha acima, ocasionando perdas parciais ou totais no grupo, dando fim a um provável e tão desejável sonho.
  • Calma – A calma, muitas vezes, salva um alpinista. Diretamente relacionada com o dito acima, pode organizar e consertar os erros, a tempo, proporcionando repentinamente, o êxito de todo o investimento dedicado à determinada escalada.
  • Para se trabalhar o psicológico, para tudo, recomenda-se uma atividade de relaxamento como tai-chi-chuan ou uma yoga, os dois, estando diretamente ligados ao trabalho, tanto psicológico, como físico.



Frederico Cascardo Alexandre e Silva

Continue lendo >>

Rendimento esportivo em altitude elevada

Resumo

A alimentação é um fator importante para uma boa aclimatação. Ela terá que ser leve, sem gordura e rica em carboidrato. Para atender as necessidades energéticas de cada indivíduo, além de fornecer os substratos necessários para o desempenho da equipe, sem sobrecarregar o organismo.
A hidratação é fundamental, visto que em altitude elevada há uma perda exessiva de liquidos



Quanto maior a altitude, menor é a oferta de oxigênio, logo ocorre uma redução no rendimento do exercício.





O gáfico abaixo indica as porcetagens de perda no desempenho esportivo:



Continue lendo >>

Escalada em Valença, RJ - Via Írma Luccia

Este é o croqui da primeira via de escalada que conquistei. Fica na Pedra da Passagem, que nós chamamos de Paredão das Meninas, após o Bairro de Fátima, Valença-RJ.

VIA: Írma Lúcia Filippi Goulart
CONQUISTADA EM : 5 investidas, abril 1997
CONQUISTADORES:
Marcello Goulart Teixeira (CEL)
Eduardo Rodrigues da Costa (CERJ)


COLABORARAM
Valéria Cristina da Silva
Ivan Jorge do Amaral
Carlos Wagner S.dos Santos
Luciana Concentino
Luciano Ribeiro





Ainda guardo as lembranças e senssações que tive neste último mês de abril, ao abrir, com o Eduardo R. C. , minha primeira via (a segunda do Edu), chamada Írma Lúcia, nome de minha avó materna. Lembro-me do primeiro grampo que colocamos, batido pelo Edu. Lembro-me do primeiro que bati, da insegurança em usar um cliffer, o braço cansado, o cheiro da rocha, o “canto” do grampo quando entra da pedra... lembro-me de minha euforia ao ver o Edu passar em livre pelo crux da via, após uma tentativa mal sucedida minha, e a vontade que tive de aplaudi-lo (mas como? eu estava dando segurança a ele!). Lembro-me das alegrias, piadas, da amizade compartilhada por todos nós. Da vista de minha cidade com as serras dos Mascates e da Glória ao fundo. E também do medo, esse “ser” que habita nosso interior e às vezes nos domina, da frustração que senti ao ter que, numa das investidas, rapelar à noite, sem lanterna, xingando todo mundo, a pedra e principalmente a mim mesmo, devido a um mau planejamento de minha parte.

A via está treminada. Utilizamos nosso equipamento pessoal, sem apoio material de ninguém. Agora ela pertence ao CEL e ao CERJ, depois de anos das últimas conquistas desses clubes. E pertence também a todos aqueles que amam as montanhas, seus mistérios e fascínio.


Outras vias serão abertas. Nós prometemos.
Ass.: Marcello Goulart Teixeira e Eduardo Rodrigues da Costa
Valença, abril de 97


O texto acima foi impresso no boletim do CERJ de maio de 1997 e no boletim do CEL de setembro de 1998.

Sobre a ética de escalada em Valença: porteira fechada? Mantenha fechada. Porteira aberta? Mantenha aberta. Não faça barulho desnecessariamente. Peça permissão. Alguns grampos estão distantes, estude a via antes. Muitas vias tem a grampeação 2/1, ou seja, dois grampos de 3/8 pol seguidos por um de 1/2 pol. Algumas paradas formadas por um grampo de 3/8 pol e outro de 1/2 pol. Não retire nem coloque grampos sem a permissão dos conquistadores; respeite o estilo de conquista dos escaladores da região.

Continue lendo >>

Montanismo no Brasil

Mais um texto baseado no livro do Requião.

No Brasil, as primeiras manifestações montanhistas, se é que podemos chamá-las assim, surgiram no Rio de Janeiro no início do século XIX, com a escalada da Pedra da Gávea por um membro da esquadra inglesa. Em 1832, uma expedição promovida pelo Instituto Histórico e Geográfico do Brasil repetia a façanha para tentar decifrar supostas inscrições fenícias lá gravadas. O Pão de Açúcar também foi visitado nessa época, primeiro por um marinheiro inglês, que lá hasteou a bandeira do seu país, e em seguida por um português que, a mando de seu imperador, trocou a bandeira inglesa pela da Coroa Imperial. Em 1839, ainda no Pão de Açúcar, foi a vez da italiana América Vespucci. Mais tarde, em 1851, o dentista Burdell, seu filho Louis, duas mulheres e dois marinheiros (todos americanos) lá passaram a noite e hastearam as bandeiras do Brasil, dos Estados Unidos e da Inglaterra.

A primeira subida de uma montanha brasileira por motivos meramente esportivos ou turísticos ocorreu em 21 de agosto de 1879, quando Joaquim Olímpio de MIranda conquistou o Maciço Morumbi, no Paraná.

Mas o montanhismo brasileiro, tal como é reconhecido hoje, teve como ponto de partida histórico a conquista, em 1912, do Dedo de Deus (1695m), em Magé, RJ. No início daquele ano, um grupo de alemães veio ao Brasil com o intuito de escalar o Dedo de Deus, atraído provavelmente pelo desafio da conquista e pela sua inegável beleza. Contrataram como guia o caçador profissional Raul de Sá Carneiro, profundo conhecedor daquela região.

Provavelmente o verão tropical, com muita chuva e condições adversas àquelas que eles, europeus, estavam acostumados a enfrentar, impediu-os de conseguir seu intento. Antes de retornarem à Alemanha, segundo registros da época, eles teriam dito que o Dedo de Deus era “invencível” e posto que eles, “profissionais do esporte”, não haviam conseguido, “nenhum brasileiro o faria”. Raul Carneiro não viu as coisas da mesma forma. Convidou então um amigo, o pernambucano José Teixeira Guimarães, e três teresopolitanos (os irmãos Américo, Acácio e Alexandre de Oliveira) para tentarem chegar ao cume. José Teixeira, ferreiro de profissão, fabricou em sua oficina os grampos e outros apetrechos rústicos que eles viriam a usar na escalada. Em abril do mesmo ano seguiram para o Dedo de Deus. Levaram ao todo seis dias para atingir o cume.

É curioso notar que a segunda escalada do Dedo de Deus foi realizada somente vinte anos depois, em 1932, por uma equipe de escaladores do Centro Excurcionista Brasileiro (primeiro clube de montanha do Brasil, fundado em 1919).

Montanha-símbolo do montanhismo no Brasil, o Dedo de Deus possui hoje diversas vias de escalada e é muito freqüentado. A via original, batizada de “Paredão Teixeira”, é mais usada atualmente para descida. Os seus grampos, que ainda fixam as cordas, são os mesmos fabricados no verão de 1912 pelos conquistadores, na oficina de José Teixeira.

Atualmente, o montanhismo brasileiro conta com diversos clubes distribuídos em vários estados e o número de adeptos cresce significamente, atingindo hoje níveis técnicos apreciados internacionalmente.

Porém o Brasil possui um solo muito antigo, sob o ponto de vista das formações rochosas. Nossas montanhas sofrem há muito os processos de erosão, principalmente provocados pelo calor e umidade. Os tipos de rocha mais encontrados são o granito, formado principalmente por quartzo e feldspato, e o gnaise.

Também não possuímos montanhas de grande altitude ou nevadas. Esta característica faz com que cada vez mais praticantes do montanhismo procurem desafios em altas montanhas de outros países. Devido a proximidade, os Andes tornam-se, então, a opção mais lógica. Além disso, encontra-se nesta região uma rica e antiga cultura, que por si só atrai milhares de turistas.

Continue lendo >>

Breve histórico do montanhosmo no mundo

Resumo

O texto a seguir é baseado no livro de meu amigo Cristiano Requião.

Na antigüidade, as montanhas despertavam no homem primitivo fascínio e temor. A elas era atribuído um papel sobrenatural e místico, a partir dos efeitos dos fenômenos atmosféricos e geofísicos. Esta visão veio permitir que a grande maioria das montanhas se mantivesse praticamente intacta até o final do século XVI.



Mais tarde, as primeiras expedições destinadas a visitá-las tinham como objetivo principal a observação científica da natureza. Eram movidas pela necessidade de concretizar respostas sobre os fenômenos meteorológicos e não propriamente pelo deseja de escalar por escalar. Com recursos técnicos limitados, “vencer as montanhas” assumia assim aspectos de “bravura” e “heroísmo”. O meio ambiente era considerado hostil e, portanto, deveria ser “enfrentado”.

Em fins do século XVIII, o naturalista suíço Horace-Bénédict Saussure promoveu um concurso oferecendo um prêmio a quem chegasse primeiro ao cume do pico mais alto da Europa, o Mont Blanc. Os ganhadores foram os franceses Jacques Balmat e o médico Michel Gabriel Paccard, que venceram os 4800m em 8 de agosto de 1786, registrando oficialmente o ponto de partida do alpinismo.

Embora houvesse grande fomento deste novo esporte por parte dos ingleses no século XIX, ele só alcançou vulto internacional neste século, com expedições ao Cálcaso, Montanhas Rochosas, Andes e Himalaia, chegando a atingir níveis de disputa entre países para a conquista dos mais remotos e “invencíveis” picos.

Em 29 de maio de 1953, foi culminado o Everest (com 8882m de altitude, o mais alto do planeta, na cordilheira do Himalaia) pelo neozelandês Edward Hillary e o nepalês Tensing Norkay. Chegou-se a pensar na época que o “maior dos feitos” havia sido realizado, concluindo assim uma “fase áurea”. Entretando, o esporte descobriu novos objetivos, continuou desenvolvendo-se, novas técnicas e materiais foram adotados e é cada vez mais praticado e divulgado nos países chamados desenvolvidos.

Continue lendo >>

Um pouco mais sobre a Bolívia

Resumo

De acordo com pesquisas, o homem chegou ao território boliviano há cerca de 1500 anos, vindo do norte, após atravessar o estreito de Bhering, e navegando das ilhas do Pacífico Sul. A primeira cultura a se destacar na região desenvolveu-se ao redor do lago Titicaca, entre 600 AC até 1200 DC. Porque esta cultura desapareceu é ainda um mistério, mas cientistas acreditam que o povo nativo sofreu uma longa seca. Eles afirmam também que a população da capital, Tiwanaco, de cerca de 70000 pessoas, possuía profundo conhecimento de matemática, astronomia e hidrologia.


Após a queda do império de Tiwanaco, que durou cerca de 300 anos, muitos reinos Aymara ocuparam territórios livres e formaram um império. Além disso, eles operaram uma rede comercial até a invasão Inca no século 15. Aproximadamente 60 anos depois, os espanhóis conquistaram Cuzco, a capital do império Inca. Como os Incas tiveram pouco tempo para expandir e explorar a região, a eles são creditadas, erroneamente, algumas trilhas e outras construções previamente erguidas por outras culturas. Devido ao domínio espanhol, por mais de 300 anos, uma inacreditável diversidade de culturas e etnias emergiram e co-habitaram nos Andes e na Amazônia: os povos nativos Aymara e Quechua, os afro-bolivianos e os caucasianos. Hoje, a população fala Aymara, Quechua e Tupy-Guarani, além de espanhol, a ainda se dividem em vários grupos étnicos que representam a diversidade da cultura boliviana.

Continue lendo >>

Bolívia

Resumo

A Bolívia está localizada no verdadeiro coração da América do Sul, entre os Andes e a Amazônia.




O Altiplano boliviano está localizado a oeste e sudoeste do país, nos estados de Oruro, Potos e La Paz. Esta especial região é um alto platô formado pela cordilheira dos Andes. Estas terras estão cercadas pela Cordilheira Vulcânica e os gigantes picos do leste, que se agrupam em várias cordilheiras menores: Cordilheira Apolobamba, Cordilheira Real e Cordilheira Quimsa Cruz. O platô mais alto alcança a altitude média de 4000m, e abrange o Lago Titicaca, Lago Poopo, e o multicolorido deserto de Sur Lipez.

Florestas húmidas, conhecidas por Yungas, estão situadas entre o Altiplano e a Amazônia, nos estados da Cochabamba e La Paz. Vales com alta concentração e atividade agrícola estão localizados mais ao sul, nos estados de Chuquisaca e Tarija.

Os Andes estão localizados próximo à costa de Pacífico, e formam uma linha de norte a sul do continente sul-americano, da Venezuela até a Terra do Fogo, na Argentina. Ao sul do Equador, a cordilheira possui cerca de 200 Km de largura, extendendo-se do Pacífico até as terras planas da floresta Amazônica.

A origem dos Andes bolivianos deve-se a pressão tectônica da placas geológicas. A placa de Nazca na base do oceano Pacífico e o Escudo Brasileiro chocaram-se e criaram as montanhas. Uma grande porção de magma foi emergida pelo mesmo fenômeno. Toda esta atividade vulcânica despertou próximo a costa. Vários cones vulcânicos emergiram e formaram uma cordilheira. Alguns vulcões estão ainda em atividade e expelem gases de tempos em tempos. Os montes rochosos formaram a cordilheira Oriental, incluindo Apolobamba, Real, Quimsa Cruz e outras, e os cones vulcânicos formados pela cordilheira Oriental. Uma grande quantidade de água ficou presa entre as cordilheiras, criando várias ilhas em lagos como o Titicaca e Poopo.

Continue lendo >>

Huaina Potosí, Cordilheira Real, Bolívia



Resumo

A 56 km de La Paz, o Huayna Potosí une, na linha da Cordilheira Real, o maciço de Mamacora-Taquesi e o de Condoriri por uma cadeia de picos menores porém abruptos. Esta montanha apresenta um atrativo especial, uma atração estética para o alpinista.



Em 1877 alpinistas alemães tentam subir o cume desta montanha. Estavam sem equipamento, víveres e praticamente sem informação alguma. Quatro deles encontraram um destino trágico acima dos 5600m de altura. Os outros dois, desesperados, tentam uma descida arriscada pelo glaciar. Porém a neve fofa, que havia caido duas semanas antes, impede uma prograssão rápida. Depois de 11 dias passados em condições climáticas espantosas, os dois alpinistas chegam ao colo de Zongo, a 4890 m, onde morrem de esgotamento.

Somente em 1969 abre uma via lógica até o cume pela aresta noroeste cortando uma parte da cara oeste1. Pouco depois, uma equipe alemã, formada por Rudolf Knott, Peter Schleyer e Otto Ekkehart, faz a aresta integralmente.





Continue lendo >>

Condoriri, Cordilheira Real, Bolívia

Resumo

Um dos maciços mais belos da Cordilheira Real, domina todo o vale de mesmo nome e numerosos picos vizinhos. É constituído por uma centena de picos que formam, por uns 15 km, represas de gelo e rocha.





Verdadeiro condor de asas abertas, segundo os mitos camponeses esta zona montanhosas era o refúgio dos maiores e mais ferozes condores dos Andes. Estes levavam entre suas garras crianças que alimentavam e “educavam”para fazer delas homens-condores que se misturavam com a população, espalhando terror e morte.

Segundo órgãos de informação alpinos, a via normal do Condoriri, então famosa por sua dificuldade técnica, foi escalada em março de 1941 por Wilfrid Kühm. Porém, em agosto de 1926, os alpinistas Stoller e Helmut Fritz remeteram ao Club Andino Boliviano uma nota indicando que eles tinham acabado de subir um cume virgem cujo nome ignoravam, com detalhes da rota seguida que correspondia com bastante exatidão a atual via normal.





Continue lendo >>

A Cordilheira Real, Bolívia

Resumo

A Cordilheira Real eleva-se ao norte e a este do Altiplano, começando no rio Sorata, a 2700 m de altura. Recebeu seu nome dos espanhóis da colônia, em 1570, impressionados por sua majestosidade e sua inacessibilidade.




Restante do conteúdo

Possui cerca de 800 Km de extensão formando uma linha de cumes, cerca de 600, alguns com mais de 6000 m de altura, e uma infinidade de paredes entrelaçadas por glaciares profundamente tortuosos. Esta cordilheira constitui a unidade geográfica mais importante da Bolívia, sendo em grande parte a fornecedora de águas para o altiplano e alimenta também o lago Titikaka, o rio Desaguadero e a todos os grandes lagos de altitude, tais como o Tuni-Condoriri, Zongo, etc.

Esta enorme cordilheira nasce onde comeca a pressão da Placa de Nazca, ou do Pacífico. Esta grande pressão produziu o deslocamento das diferentes camadas do solo, dando lugar assim à formação de picos elevados durante uma parte da era secundária e continuando durante a era terceária. A altura dos atuais picos era, naquela época, muito maior, alcançando 7000 metros para o Illampu e 7500 metros para o Hancohuma, sendo que os Andes chegaram a ter 12000 de altura durante a era terceária. Na atualidade, em razão da erosão, estas massas diminuiram consideravelmente, processo que teve lugar no curso do último milhão de anos.

Devido a localização dos Andes Bolivianos entre os paralelos 9 e 22, o clima corresponde al de zonas tropicais, sendo sua principal característica a brevidade da época de chuvas e, em conseqüência, o aumento de aridez de suas paisagens de norte a sul. Ao sul, durante os invernos secos, as variações da temperatura são extremas. Em Sud Lípez a temperatura pode descer a -30oC com ventos patagônicos e nas zonas quentes, os Chacos, pode subir a mais de 45oC à sombra. Estas temperaturas extremas características desta parte do mundo conformam paisagens diferentes também de um extremo a outro.

Na parte central dos Andes bolivianos, ao contrário, é diferente devido a seca extrema e, durante vários meses, o terreno está coberto por neve que em junho e julho transforma-se em gelo. El clima guarda importância por el hecho también de su elevación media y escasez de oxígeno, sendo que a pressão atmosférica, aos 6000 m de altitude, pode chegar a menos da metade daquela encontrada ao nível do mar.

Nos séculos XVIII e XIX, viajantes como Humboldt, Condamine e Whymper, diligentes nas descrições meticulosas da fauna e flora e sensíveis às condições humanas desta região, realizaram uma verdadeira investigação social. Charles Darwin, em ocasião de sua viagem em 1831, dá, poe sua parte, algumas descrições assombrosas da vida republicana da época, sem apoiar-se demasiado na importância das missões francesas na América do Sul. É inegável que muitos naturalistas, geógrafos e geólogos, como Alcides d’Orbigny, André Bresson, Crequi Montfort ou Jules Crevaux deixaram, a propósito do “tibet” boliviano, uma grande quantidade de informação sumamente importante, mesmo que a maior parte deles tenha tido uma visão reduzida da realidade andina. Mesmo assim os textos deixados pelos exploradores, ainda hoje, são importantes, capazes de gerar um movimento ecológico contra o avance de indústrias pesadas na região.

A flora selvagem se extende até uma altura considerável:2500 m, cerca de 70% do território boliviano. As zonas altiplanas impõem um clima seco no sul e húmido ao norte, criando contrastes igualmente bruscos. Devido a esta grande variação o Altiplano é considerado um sistema ecológico único no mundo. Nas regiões mais inóspitas, como a Altipampa (pampa de altitude), o clima é frio e pouco propício à vida vegetal ou animal, inclusive para o homem. Esta região, recoberta de pedras graníticas e vulcânicas segundo a região, tem sua terra vermelha verdadeiramente vestida de arbustos e ervas selvagens e as depressões são em geral mais húmidas apesar da constante seca.

O reino animal no altiplano é muito modesto. Distingue-se quatro importantes espécies neste região: a lhama, espécie muito comum, com sua população estimada em dois milhões de indivíduos; o guanaco, quase extinto; a vicunha e a alpaca, conhecidas pela qualidade da lã que fornecem. As lhamas, devido a sua grande população, é o animal mais importante para os camponeses, que dela dependem para enfrentar a dura vida no altiplano, obtendo dela carne, lã e transporte de carga. Há também outros animais como a viscacha, um roedor de altura, o puma, pouco encontrado atualmente, escorpiões e aves de rapina como o condor, hoje protegido.


Continue lendo >>

Fator de queda

Resumo

Costuma-se dizer que “um participante de uma escalada nunca cai”. Isto deve-se ao fato de que sua segurança (o guia) está sempre acima dele. Na pior das hipóteses, o participante está em uma horizontal. Nesta situação, caso o participante perca o contato com a rocha, ele pendulará em direção a próxima costura. Com o guia é diferente. Por estar acima e, conseqüentemente, com a segurança (o participante) abaixo dele, o guia está sujeito a quedas.






Restante do conteúdo

Ao contrário do que pode parecer à primeira vista, uma queda de vários metros não significa, a princípio, uma queda perigosa. Para tentarmos avaliar o impacto de uma queda sobre o escalador e o material determinamos um fator, chamado de fator de queda, dado por

Fq = Aq / Cc


onde Aq representa a altura de queda do guia, dada pela distância do guia à última proteção (grampo, proteção móvel, chapeleta) multiplicada por 2, e Cc representa o comprimento de corda utilizado ( distância do guia em relação à segurança do participante ). Temos então 3 casos:

Fq <= 1: Neste caso considera-se que a queda não afetou o material e o guia não sofreu um impacto forte em seu corpo.

1 < Fq1 < 2: Este é um caso onde tanto o material quanto o corpo do guia sofreram um impacto mais forte, geralmente sem maiores conseqüências.

Fq = 2: Este é o pior caso. Nesta situação o guia e o material sofreram um forte impacto, podendo acarretar um dano no material ou uma lesão no guia.

O fator de queda é importante na avaliação do impacto sofrido pelo material e pelo guia. No caso da corda, ela é feita para absorver a maior parte do impacto, passando para o corpo do guia um impacto suficientemente pequeno, suportável pelo corpo human.


Continue lendo >>

Anatoli Bourkreev, escalador

"As montanhas não são estádios onde satisfazemos nossa ambição esportiva, mas sim catedrais onde praticamos nossa religião."

Anatoli Bourkreev, morto em uma avalanche no Annapurna, Himalaia, em 1997.

Continue lendo >>

John M. Edwards

Assim, como se pode imaginar, cresci exuberante de corpo mas com uma mente ansiosa, insatisfeita. Ela queria algo mais, algo tangível. Buscava intensamente a realidade, sempre como se ela não estivesse ali...

Mas vê-se logo o que faço. Escalo.

John M. Edwards, escritor, psiquiatra e destacado escalador, suicidou-se com cianureto em 1958.

Continue lendo >>