Neste blog pretendo divulgar e discutir assuntos de meu ineteresse: escalada em rocha e em gelo, montanhismo, ecologia, livros ... além de assuntos com os quais trabalho profisisonalmente: método dos elementos finitos, méto dos elementos discretos, análise numérica e lógica fuzzy. Aqui você também pode encontrar textos e material de minhas aulas, alguma coisa sobre o melhor carro do mundo (Toyota Bandeirante) e citações. Ah!, e sobre música e o instrumento que toco (ou tento tocar): viola caipira.

Ou seja, tudo que eu gosto e faço Na ponta dos dedos.

Por que Projeto Peregrinus: em 2001 eu e mais cinco amigos escrevemos um projeto de patrocínio com esse nome, cujo objetivo era subir as mais altas montanhas de cada país sulamericano. O projeto não saiu do papel, mas a escolha do nome, bastante apropriada, foi feita por mim, após abrir aleatoriamente um dicionário Latim-Português. Essa foi a primeira palavra que li: peregrinus: aquele que viaja para outro país. A coincidência foi tão grande que me marcou muito. Como também pretendo falar de minhas viagens resolvi manter esse nome.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Montanismo no Brasil

Mais um texto baseado no livro do Requião.

No Brasil, as primeiras manifestações montanhistas, se é que podemos chamá-las assim, surgiram no Rio de Janeiro no início do século XIX, com a escalada da Pedra da Gávea por um membro da esquadra inglesa. Em 1832, uma expedição promovida pelo Instituto Histórico e Geográfico do Brasil repetia a façanha para tentar decifrar supostas inscrições fenícias lá gravadas. O Pão de Açúcar também foi visitado nessa época, primeiro por um marinheiro inglês, que lá hasteou a bandeira do seu país, e em seguida por um português que, a mando de seu imperador, trocou a bandeira inglesa pela da Coroa Imperial. Em 1839, ainda no Pão de Açúcar, foi a vez da italiana América Vespucci. Mais tarde, em 1851, o dentista Burdell, seu filho Louis, duas mulheres e dois marinheiros (todos americanos) lá passaram a noite e hastearam as bandeiras do Brasil, dos Estados Unidos e da Inglaterra.

A primeira subida de uma montanha brasileira por motivos meramente esportivos ou turísticos ocorreu em 21 de agosto de 1879, quando Joaquim Olímpio de MIranda conquistou o Maciço Morumbi, no Paraná.

Mas o montanhismo brasileiro, tal como é reconhecido hoje, teve como ponto de partida histórico a conquista, em 1912, do Dedo de Deus (1695m), em Magé, RJ. No início daquele ano, um grupo de alemães veio ao Brasil com o intuito de escalar o Dedo de Deus, atraído provavelmente pelo desafio da conquista e pela sua inegável beleza. Contrataram como guia o caçador profissional Raul de Sá Carneiro, profundo conhecedor daquela região.

Provavelmente o verão tropical, com muita chuva e condições adversas àquelas que eles, europeus, estavam acostumados a enfrentar, impediu-os de conseguir seu intento. Antes de retornarem à Alemanha, segundo registros da época, eles teriam dito que o Dedo de Deus era “invencível” e posto que eles, “profissionais do esporte”, não haviam conseguido, “nenhum brasileiro o faria”. Raul Carneiro não viu as coisas da mesma forma. Convidou então um amigo, o pernambucano José Teixeira Guimarães, e três teresopolitanos (os irmãos Américo, Acácio e Alexandre de Oliveira) para tentarem chegar ao cume. José Teixeira, ferreiro de profissão, fabricou em sua oficina os grampos e outros apetrechos rústicos que eles viriam a usar na escalada. Em abril do mesmo ano seguiram para o Dedo de Deus. Levaram ao todo seis dias para atingir o cume.

É curioso notar que a segunda escalada do Dedo de Deus foi realizada somente vinte anos depois, em 1932, por uma equipe de escaladores do Centro Excurcionista Brasileiro (primeiro clube de montanha do Brasil, fundado em 1919).

Montanha-símbolo do montanhismo no Brasil, o Dedo de Deus possui hoje diversas vias de escalada e é muito freqüentado. A via original, batizada de “Paredão Teixeira”, é mais usada atualmente para descida. Os seus grampos, que ainda fixam as cordas, são os mesmos fabricados no verão de 1912 pelos conquistadores, na oficina de José Teixeira.

Atualmente, o montanhismo brasileiro conta com diversos clubes distribuídos em vários estados e o número de adeptos cresce significamente, atingindo hoje níveis técnicos apreciados internacionalmente.

Porém o Brasil possui um solo muito antigo, sob o ponto de vista das formações rochosas. Nossas montanhas sofrem há muito os processos de erosão, principalmente provocados pelo calor e umidade. Os tipos de rocha mais encontrados são o granito, formado principalmente por quartzo e feldspato, e o gnaise.

Também não possuímos montanhas de grande altitude ou nevadas. Esta característica faz com que cada vez mais praticantes do montanhismo procurem desafios em altas montanhas de outros países. Devido a proximidade, os Andes tornam-se, então, a opção mais lógica. Além disso, encontra-se nesta região uma rica e antiga cultura, que por si só atrai milhares de turistas.

2 comentários:

  1. Olá amigo...vasculhando a internet atrás de informações de nevados, acabei caindo em seu Blog...muito interessante, parabéns! Porém, ao falarmos de montanhismo no Brasil, do esporte, não podemos esquecer da conquista do Marumbi no Paraná...
    Conquistado em 21 de agosto de 1.879 por Joaquim Olímpio de Miranda, o Maciço Marumbi foi a primeira montanha a ser escalada esportivamente no Brasil, e por isso é considerado o berço do montanhismo no País.
    Grande abraço!

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  2. Você tem toda razão. É que minha referência foi o livro do Cristiano Requião, mas na verdade o Marumbi foi escalado, por motivos esportivos, antes do Dedo de Deus. Foi corrigir o texto. Obrigado.

    Marcello

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